Trabalhos 2016
Escola Secundária Gabriel Pereira (Évora)
Escalão 2 - escolas de outros níveis de ensino a partir do 2º ciclo (inclusive)
Fotografias:
Memória Descritiva:
MEMÓRIA DESCRITIVANome comum do fruto: Cacau
Nome científico da planta: Theobroma cacao
ORIGEM, MODO DE PRODUÇÃO E CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS
O cacaueiro (Theobroma cacao) é a árvore que dá origem ao fruto e pertence à família Malvaceae.
Diferentemente do que se imaginava, o cacau tem origem amazónica e não centro-americana, e já era consumido há 5,5 mil anos, como aponta uma pesquisa desenvolvida por vários arqueólogos, que chegaram a encontrar restos de uma grande cultura no sudeste do Equador.
O cacau é um fruto alongado, amarelo ou arroxeado, de casca dura, chegando a medir 20cm de comprimento. A sua polpa é mucilaginosa, podendo ser branca ou rósea, e envolve sementes castanho/avermelhadas. O fruto, desde a polpa até as sementes, possui alto valor nutricional e muitos benefícios para a saúde.
A polpa do cacau tem fibras, glicose e sacarose, além de conter inúmeras vitaminas como as do complexo B, que atuam nos músculos, no sangue e nos nervos. Os sais minerais ajudam na saúde dos ossos, a vitamina C fortalece o sistema imunológico. As fibras ajudam no bom funcionamento do intestino. O cacau ainda estimula a liberação de endorfinas e aumenta a disposição mental. Por conter flavonoides e triptofano, aumenta ainda a proliferação de neurónios. Além disso, concentra outras substâncias que dão a sensação de bem-estar, e ajudam no combate à ansiedade e depressão.
O ambiente perfeito para a árvore de cacau - Theobroma cacao - é encontrado no calor tropical da floresta equatorial. As jovens árvores de cacau só crescem em temperaturas tropicais sob a proteção da sombra de plantas altas, tais como bananeiras ou palmeiras. Tanto o sol ardente como os ventos fortes são inimigos implacáveis desta árvore frágil. Por volta do quinto ou sexto ano da sua vida, as árvores começam a dar frutos. A produtividade é limitada a 25 anos, depois do que, devem ser substituídas por árvores mais jovens.
Há três espécies de árvore de cacau, cada uma com as suas características particulares:
• Crioulo, (o escolhido para nosso modelo) também conhecido como o príncipe entre as árvores de cacau, produz vagens com uma casca muito fina. O cacau em si tem uma cor muito pálida e um aroma único e refinado. Esta variedade produz pequenas colheitas e também é muito frágil.
• Forasteiro é um tipo mais forte de árvore que é mais fácil de cultivar e produz rendimentos maiores. As vagens de cacau têm uma casca mais espessa e mais grossa, com forte aroma. O grão do cacau Forasteiro é muitas vezes chamado de cacau em massa porque dá ao chocolate um aroma típico básico reconhecível. Este, portanto, forma o ingrediente básico na maioria dos chocolates e frequentemente podem ser responsáveis por 80% da mistura de cacau.
• Trinitário é um cruzamento de ambos os tipos de árvores e tem características dos dois: um aroma forte mas relativamente refinado e, além disso, é muito fácil de cultivar.
As flores da árvore de cacau têm dois ciclos de seis meses o ano todo.
Após 6 meses as vagens de cacau estão maduras e mudaram a cor de verde para amarelo-laranja. Com muito cuidado, para não danificar os ramos, as vagens são colhidas pelos trabalhadores das plantações. As vagens de cacau ainda madurecem durante alguns dias após a colheita.
A casca exterior é aberta usando facas longas e um movimento de corte muito preciso, sem tocar a amêndoa.
A pasta contendo os grãos preciosos de cacau é então removida das vagens e recolhida em grandes cestos.
Os grãos são então, dependendo do tipo, deixados para fermentar durante cinco a sete dias. Isto ocorre no chão ou em bandejas onde os grãos são cobertos com folhas de bananeira.
A fermentação é importante uma vez que este processo remove naturalmente qualquer resíduo da polpa do fruto que fica naturalmente presa ao grão. Os grãos mudam de cor de bege ao roxo e desenvolvem o seu aroma.
Após a fermentação, os grãos são espalhados e deixados para secar ao sol por cerca de seis dias. Depois são virados de modo a que eles mantenham apenas uma fração de seu teor de humidade (± 3%). A secagem é essencial, tanto para parar o processo de fermentação como para o seu armazenamento.
Quando secos, são encaminhados para um centro de recolha, onde são classificados.
Valor nutritivo do cacau por 100g %VD *
Valor energético 74,3 Kcal 4%
Hidratos de Carbono 19,4g 6%
Proteínas 1,0g 1%
Fibras 2,2 g 9%
Cálcio 12,1 mg 1%
Vitamina C 13,6 mg 30%
Fósforo 9,3 mg 1%
Magnésio 24,6 mg 9%
Lípidos 0,1 g -
Ferro 0,3 mg 2%
Potássio 71,6 mg -
Cobre 0,2 ug 0%
Zinco 0,6 mg 9%
Tiamina B1 0,3 mg 21%
Sódio 0,7 mg 0%
* % Valores diários com base em uma dieta de 2.000 Kcal.
MATERIAIS, METODOLOGIA E INTERVENIENTES
No processo de construção do fruto foram utilizados os seguintes materiais:
2 Garrafões PET de água de 7 litros;
Papel de jornal amachucado;
Plástico espuma;
Pasta de papel machê;
Rede mosquiteira de plástico;
Fita-cola transparente;
Fita-cola crepe para pintura;
Cola líquida UHU;
Embalagens tetra pak da COMPAL;
Tinta para vitral.
1ªFase de concretização do fruto:
Encaixaram-se os dois garrafões de água e entre eles colocou-se o papel amachucado. As estruturas foram fixas entre si com fita-cola transparente. A moldagem exterior foi executada com plástico espuma. Toda a estrutura foi envolvida com pasta de papel machê.
As sementes do cacau foram construídas com papel jornal amachucado envolvido em rede mosquiteira de plástico e fita-cola crepe para pintura.
2ª Fase de concretização do fruto:
Toda a estrutura foi envolvida com as embalagens Tetra Pak e no final foi pintado com tinta para vitral.
Os intervenientes do processo foram os alunos Sara Caeiro (aluna voluntária), Inês Pereira e Beatriz Lacerda do 12ºG, Diogo Batista do 12ºF e Sofia Camargo, Mariana Duarte, Paula Dias, Beatriz de Matos do 11ºF, sob a coordenação das professoras Luísa Gancho e Helga Mataloto.
O MOTIVO DA ESCOLHA DO CACAU
A escolha do fruto prendeu-se com o facto de o cacau, usado na produção de chocolate, estar ligado à história do nosso país, por ter sido uma das principais produções em muitos dos países anteriormente colónias portuguesas. A amarga verdade ligada a esses anos de exloração – o uso da escravatura, até perto de 1960, no entanto, mantém-se ainda em pleno século XXI. As multinacionais do ramo do chocolate importam cacau de países onde ainda se faz uso da escravatura, agora sob a forma de exploração do trabalho infantil, como por exemplo na Costa do Marfim.
Um relatório publicado pela organização não-governamental Global Witness, denuncia que os lucros provenientes do tráfico e dos desvios do comércio de cacau na Costa do Marfim podem estar financiando o conflito interno entre o governo do país, que tem controlo sobre o sul, e os rebeldes, que comandam a guerrilha no norte.
A ONG indica que ao menos 118 milhões de dólares desse mercado serviram para enriquecer os líderes da guerra civil que atinge este país há quase cinco anos.
Assim, com a execução deste trabalho pretendemos alertar para esta situação.